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Santa Teresinha: A Jovem que Mudou o Catolicismo Aos 24 Anos (E Como Ela Pode Inspirar Sua Vida Hoje)

  • Foto do escritor: Rodrigo M. de Abreu
    Rodrigo M. de Abreu
  • 1 de out.
  • 14 min de leitura

Atualizado: 2 de out.


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Ela morreu jovem, nunca saiu do convento, mas se tornou uma das santas mais influentes da história. Conheça a incrível história de Santa Teresinha do Menino Jesus e descubra por que sua filosofia de vida continua revolucionando corações mais de um século depois.

Imagine uma adolescente de 15 anos que decide que quer ser freira. Normal para a época, né? Agora imagine que essa mesma adolescente vai até o Papa pessoalmente para conseguir permissão quando todos disseram "não". Que ela cria uma filosofia de vida que revoluciona o cristianismo. E que, mesmo morrendo aos 24 anos, se torna uma das santas mais amadas e influentes da história mundial. Essa é Santa Teresinha do Menino Jesus - e sua história é muito mais fascinante do que você imagina.


Uma Infância Marcada pelo Amor e pela Perda


Marie-Françoise-Thérèse Martin nasceu em 2 de janeiro de 1873, em Alençon, na França, numa família que respirava catolicismo. Era a caçula de nove filhos (apenas cinco sobreviveram até a idade adulta), filha de Louis Martin, um relojoeiro bem-sucedido, e Zélie Guérin, uma rendeira talentosa que dirigia seu próprio negócio.


A casa dos Martin era um verdadeiro santuário doméstico. Zélie escrevia cartas constantes para sua cunhada, documentando cada detalhe da vida familiar - cartas que hoje nos dão um retrato íntimo da personalidade de Teresinha desde bebê. Já pequena, ela demonstrava uma personalidade forte, determinada e, nas palavras da própria mãe, "um coração de ouro".


Mas a tragédia chegou cedo. Em agosto de 1877, quando Teresinha tinha apenas 4 anos, Zélie morreu de câncer de mama. A perda foi devastadora para toda a família, mas especialmente para a pequena Teresinha, que se tornou mais introspectiva e desenvolveu uma ligação ainda mais profunda com sua irmã Paulina, que assumiu o papel maternal.


Louis Martin, viúvo aos 54 anos, tomou uma decisão corajosa: mudou-se com as cinco filhas para Lisieux, para ficar próximo do irmão de Zélie. Lá, compraram uma casa chamada "Les Buissonnets" (Os Arbustinhos), que se tornaria o cenário da infância e adolescência de Teresinha.


A Formação de uma Santa Precoce


Em Les Buissonnets, Teresinha cresceu cercada de amor, mas também de uma educação religiosa profunda. Louis Martin era um homem profundamente espiritual - havia tentado ser monge na juventude - e criou as filhas num ambiente onde a santidade era vista como o objetivo natural da vida.


Teresinha mostrava sinais precoces de sua futura vocação. Aos 6 anos, fez sua primeira confissão e ficou frustrada porque o padre não tinha nada para absolver - ela simplesmente não conseguia pensar em pecados que tivesse cometido! Aos 8 anos, quando Paulina entrou para o Carmelo, Teresinha passou por uma crise emocional profunda, desenvolvendo uma doença psicossomática misteriosa que a deixou acamada por meses.


A cura veio de forma dramática: durante uma oração desesperada diante de uma imagem de Nossa Senhora, Teresinha afirmou ter visto a Virgem Maria sorrir para ela. Instantaneamente, todos os sintomas desapareceram. Este evento marcou profundamente sua espiritualidade e sua devoção mariana.


A Adolescente que Sonhava Grande


Durante sua adolescência, Teresinha desenvolveu uma personalidade complexa e fascinante. Por um lado, era extremamente sensível - chorava por qualquer coisa e tinha ataques de choro que preocupavam a família. Por outro, demonstrava uma determinação férrea quando se tratava de seus objetivos espirituais.


Aos 13 anos, numa véspera de Natal, experimentou o que ela chamou de "conversão completa". Durante a tradicional abertura de presentes, ouviu Louis comentar com impaciência que Teresinha estava ficando velha demais para aquelas "infantilidades". Em vez de chorar como sempre fazia, ela sentiu uma força interior inédita e reagiu com alegria e maturidade. A partir desse momento, segundo ela própria, "a fonte das lágrimas secou".


Esta transformação coincidiu com o despertar de uma vocação missionária intensa. Teresinha começou a sonhar em ir para o Vietnã (então chamado Tonquim) como missionária. Lia vorazmente sobre os mártires e santos, especialmente os missionários que morriam por sua fé. Seus sonhos eram grandiosos: queria ser santa, mártir, missionária, doutora da Igreja… "Por que escolher?", pensava ela, "Quero ser tudo!"


A Vocação Religiosa: Determinação Contra Todos os Obstáculos


Aos 14 anos, Teresinha tomou a decisão que mudaria sua vida: entraria para o Carmelo de Lisieux, o mesmo convento onde já estavam suas irmãs Paulina (agora Irmã Inês de Jesus) e Marie (Irmã Maria do Sagrado Coração).


O problema era sua idade. Com apenas 15 anos quando manifestou oficialmente sua vocação, ela era considerada jovem demais para a vida religiosa carmelitana, conhecida por sua austeridade e rigor espiritual.


O primeiro obstáculo foi seu próprio tio, Isidore Guérin, que tinha autoridade legal sobre ela após a morte da mãe e a doença do pai. Inicialmente relutante, ele acabou cedendo diante da determinação da sobrinha. O segundo obstáculo foi o superior do convento, Pe. Delatroëtte, que se recusou terminantemente a aceitar uma candidata tão jovem.


Mas Teresinha não desistiu. Com a persistência que a caracterizava, conseguiu uma audiência com o bispo de Bayeux, Dom Hugonin. O encontro foi tenso: o bispo questionou sua vocação, sugeriu que esperasse mais alguns anos, e finalmente disse que precisaria consultar o superior do convento antes de dar qualquer resposta.


A Adolescente que Desafiou o Papa


O que aconteceu a seguir é uma das histórias mais extraordinárias da hagiografia católica. Em outubro de 1887, Louis Martin decidiu fazer uma peregrinação a Roma com Teresinha e outras filhas. Para a jovem, aquela viagem representava uma oportunidade única: se o bispo não dava permissão, ela pediria diretamente ao Papa!


A viagem foi uma aventura inesquecível. Teresinha descobriu que os padres também eram homens comuns (ficou chocada ao ver um jovem padre com braços peludos durante a Missa!), visitou os grandes santuários de Roma, e se preparou mental e espiritualmente para o momento crucial.


No dia 20 de novembro de 1887, durante uma audiência papal com Leão XIII, aconteceu o impensável. Apesar da ordem expressa de que ninguém deveria falar com o Papa, quando chegou sua vez de beijar o anel papal, Teresinha ergueu os olhos e disse: "Santo Padre, em honra do vosso jubileu, permiti-me entrar no Carmelo aos quinze anos!"


O Papa, surpreso, perguntou aos organizadores sobre o caso. Quando soube dos detalhes, respondeu diplomaticamente: "Bem… bem… Se o bom Deus quiser, vós entrareis!" Guardas pontifícios tiveram que literalmente carregar Teresinha para fora da sala, pois ela se recusava a sair sem uma resposta mais definida.


A Entrada no Carmelo: Realizando o Sonho


A coragem demonstrada em Roma surtiu efeito. Alguns meses depois, em abril de 1888, Teresinha finalmente recebeu permissão para entrar no Carmelo. Aos 15 anos e 3 meses, ela realizava seu grande sonho.


A entrada no convento foi emocionante e dolorosa ao mesmo tempo. Teresinha deixou para trás uma vida confortável, uma família amorosa, e todas as possibilidades que o mundo poderia oferecer a uma jovem inteligente e carismática. Em troca, abraçava uma vida de clausura perpétua, silêncio, oração e penitência.


Os primeiros meses foram extremamente difíceis. A vida carmelitana era rigorosa: levantavam às 4h45 da manhã para as orações, seguiam uma dieta vegetariana simples, observavam longos períodos de silêncio, e dedicavam horas à oração contemplativa. Para uma adolescente criada no conforto burguês, a adaptação foi traumática.


Além das dificuldades materiais, Teresinha enfrentou desafios espirituais intensos. Ela experimentou períodos de aridez espiritual, dúvidas sobre sua vocação, e a sensação aterrorizante de que Deus não a escutava. Estes períodos de "noite escura da alma" seriam fundamentais para o desenvolvimento de sua espiritualidade madura.


A Revolução Silenciosa: Nascimento da "Pequena Via"


Foi dentro dos muros do Carmelo que Teresinha desenvolveu sua contribuição mais original e revolucionária para a espiritualidade cristã: a "Pequena Via" ou "Via da Infância Espiritual".


A espiritualidade católica da época estava dominada por uma mentalidade que enfatizava grandes penitências, mortificações extremas, e conquistas espirituais heroicas. Os santos eram vistos como super-heróis espirituais que realizavam feitos extraordinários. Teresinha, observando sua própria experiência, chegou a uma conclusão radical: este caminho não funcionava para ela.


Em vez de tentar imitar os grandes santos através de práticas extremas, ela desenvolveu uma abordagem completamente diferente. Inspirada nas palavras bíblicas "Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus" e "O que recebe em meu Nome a uma criança como esta, é a Mim que recebe", ela criou uma espiritualidade baseada na simplicidade, confiança total em Deus, e pequenos atos de amor cotidiano.


A "Pequena Via" pode ser resumida em alguns princípios fundamentais:


  • Confiança Total: Como uma criança confia completamente nos pais, o cristão deve confiar totalmente em Deus, mesmo - especialmente - quando não entende o que está acontecendo;

  • Abandono Espiritual: Em vez de se esforçar desesperadamente para conquistar a santidade através de obras próprias, deve-se abandonar completamente nas mãos de Deus, permitindo que Ele faça tudo;

  • Pequenos Sacrifícios: Grandes gestos são desnecessários; a santidade está nos pequenos atos de amor, paciência e bondade do dia a dia;

  • Aceitação das Próprias Limitações: Em vez de se desesperar com as próprias fraquezas, deve-se aceitá-las como oportunidades para experimentar a misericórdia divina.


A Vida Contemplativa: Santidade no Ordinário


No Carmelo, Teresinha viveu uma vida externamente simples, mas internamente intensa. Ela não realizou milagres espetaculares, não teve visões extraordinárias constantes, nem passou por êxtases místicos dramáticos. Sua santidade se manifestava de formas muito mais sutis e, talvez por isso mesmo, mais profundas.


Ela trabalhava na lavanderia, no refeitório, como porteira, e cuidava das noviças. Em cada tarefa, procurava exercitar sua "Pequena Via": fazer tudo com amor perfeito, mesmo as coisas mais mundanas. Quando lavava roupa, oferecia cada movimento a Deus. Quando servia no refeitório, via Cristo em cada irmã. Quando ensinava as noviças, procurava transmitir não regras rígidas, mas o espírito de confiança e abandono que caracterizava sua espiritualidade.


Um exemplo famoso de sua prática espiritual era sua relação com uma irmã idosa particularmente difícil, que a criticava constantemente e parecia fazer de tudo para irritá-la. Em vez de evitar ou confrontar esta religiosa, Teresinha decidiu tratá-la com especial carinho, sorrindo sempre que a encontrava e oferecendo-se para ajudá-la sempre que possível. A irmã chegou a comentar que Teresinha devia gostar muito dela, tamanha era sua gentileza!


A Vocação Missionária: Missionária Sem Sair do Convento


Mesmo abraçando a vida contemplativa, Teresinha nunca abandonou seus sonhos missionários. Ela desenvolveu uma compreensão profunda da "comunhão dos santos" - a crença de que todos os cristãos, vivos e mortos, estão unidos numa família espiritual, e que as orações e sacrifícios de uns podem beneficiar outros.


Ela começou a corresponder-se com dois missionários: o Pe. Roulland, que trabalhava na China, e o Pe. Bellière, que estava na Argélia. Para eles, ela oferecia suas orações, sacrifícios e sofrimentos, considerando-se uma "missionária por procuração". Através das cartas, participava espiritualmente das alegrias e dificuldades da vida missionária.


Esta correspondência revelou outra faceta fascinante da personalidade de Teresinha: sua capacidade de direção espiritual. Apesar da pouca idade e experiência, ela oferecia conselhos profundos e práticos aos missionários, sempre centrados em sua "Pequena Via". Suas cartas mostravam maturidade espiritual impressionante e uma compreensão psicológica aguçada da natureza humana.


Em 1896, ela teve uma experiência mística importante durante a oração. Sentiu-se chamada a ser "o coração da Igreja", realizando sua vocação através do amor que uniria e daria vida a todas as outras vocações. Esta visão resolveu seu antigo dilema: ela não precisava escolher entre ser missionária, mártir, sacerdote ou doutora - através do amor, seria tudo isso ao mesmo tempo.


A Autobiografia Relutante: "História de uma Alma"


Uma das ironias da vida de Teresinha é que ela se tornou uma das escritoras espirituais mais influentes da história quase por acidente. Em 1894, durante um encontro familiar no convento, ela contou algumas memórias de infância que emocionaram profundamente sua irmã Paulina, agora superiora do convento.


Paulina, percebendo a riqueza espiritual das experiências da irmã mais nova, ordenou-lhe (por obediência religiosa) que escrevesse suas memórias. Teresinha obedeceu relutantemente, achando que sua vida era comum demais para interessar a alguém.


Durante os anos seguintes, ela escreveu três manuscritos que depois seriam compilados em "História de uma Alma". O primeiro manuscrito (A) foi escrito para Paulina e cobria sua infância e adolescência. O segundo (B) foi dirigido à Irmã Maria de Gonzaga (outra superiora) e tratava principalmente de sua vocação e espiritualidade. O terceiro (C) foi escrito nos últimos meses de vida e dirigiu-se novamente à Paulina.


A escrita de Teresinha era espontânea, sem pretensões literárias, mas profundamente autêntica. Ela não seguia regras teológicas acadêmicas nem tentava impressionar com erudição. Simplesmente contava sua experiência com Deus de forma direta, usando linguagem simples e imagens cotidianas.


O que emergia destes manuscritos era um retrato extraordinário de uma alma que havia encontrado um caminho completamente novo para a santidade. Teresinha descrevia suas descobertas espirituais com a mesma naturalidade com que alguém contaria uma receita de bolo, mas o conteúdo era revolucionário.


A Doença e os Últimos Meses: Santidade na Adversidade


Em abril de 1896, Teresinha começou a apresentar os primeiros sintomas da tuberculose que a mataria. Ironicamente, os primeiros sinais apareceram durante a Semana Santa: ela cuspiu sangue pela primeira vez na madrugada da Sexta-feira Santa.


Em vez de ficar desesperada, ela interpretou este sinal como um presente de Deus, uma oportunidade de participar mais profundamente da Paixão de Cristo. Escondeu a doença por um ano inteiro, continuando normalmente suas atividades conventuais.


Durante este período, ela experimentou o que chamou de "provação contra a fé" - uma aridez espiritual intensa em que sentia como se Deus tivesse desaparecido completamente. Era como se uma parede espessa se interpusesse entre ela e o Céu. Esta experiência, em vez de abalar sua fé, aprofundou sua compreensão da condição humana e aumentou sua compaixão por aqueles que lutam com dúvidas.


Quando a doença se tornou impossível de esconder, ela foi dispensada das atividades mais pesadas, mas continuou participando da vida comunitária o máximo possível. Seus últimos meses foram uma demonstração impressionante de como viver sua "Pequena Via" em circunstâncias extremas.


Durante a doença, ela recebeu a visita de muitas pessoas que vinham buscar conselhos espirituais. Suas palavras eram simples, mas tocavam profundamente os corações. Ela falava sobre a necessidade de confiar em Deus como uma criança confia nos pais, sobre a beleza de se sentir pequeno diante da grandeza divina, sobre o amor que transforma até mesmo o sofrimento em alegria.


As Últimas Palavras e a Morte de uma Santa


Os últimos meses de Teresinha foram documentados minuciosamente pelas irmãs carmelitas, que pressentiam estar assistindo à morte de uma santa. Suas palavras finais revelam a profundidade de sua espiritualidade e a coerência de sua vida com seus ensinamentos.


Mesmo durante os momentos mais difíceis da doença, ela mantinha sua confiança característica. Quando alguém comentou que ela deveria estar sofrendo muito, respondeu: "Sim, mas sofro bem!" Questionada sobre o que isso significava, explicou: "Sofro bem porque não procuro sofrer menos."


Uma de suas declarações mais famosas dos últimos dias foi: "Eu não morro, entro na vida." E a ainda mais conhecida promessa: "Passarei meu céu fazendo o bem na terra. Farei cair uma chuva de rosas."


Santa Teresinha morreu em 30 de setembro de 1897, às 19h20, aos 24 anos de idade. Suas últimas palavras foram: "Meu Deus… eu vos amo!" Disse isso olhando para um crucifixo, e imediatamente expirou com uma expressão de paz profunda no rosto.


O Fenômeno Póstumo: Uma Santa Global


O que aconteceu após a morte de Teresinha foi extraordinário e imprevisto. "História de uma Alma" foi publicada em 1898, um ano após sua morte, numa edição inicial de 2.000 exemplares que as irmãs achavam que duraria décadas.


Em poucos anos, o livro se tornou um fenômeno mundial. Foi traduzido para dezenas de idiomas e vendeu milhões de cópias. Cartas chegavam de todo o mundo relatando milagres, curas e conversões atribuídas à intercessão de Teresinha. O pequeno Carmelo de Lisieux se transformou num centro de peregrinação internacional.


O impacto da espiritualidade de Teresinha foi imediato e profundo. Sua "Pequena Via" oferecia uma alternativa acessível às formas tradicionais de espiritualidade, que muitos consideravam demasiado heroicas ou complicadas. Pessoas comuns - pais de família, trabalhadores, jovens - descobriam que podiam aspirar à santidade sem se tornar monges ou missionários.


O Processo de Canonização: Recorde de Velocidade


O processo de canonização de Teresinha começou apenas 7 anos após sua morte - um recorde para a época. Normalmente, a Igreja esperava décadas ou séculos antes de iniciar tais processos, mas a pressão popular era irresistível.


Em 1909, ela foi declarada Venerável. Em 1923, foi beatificada pelo Papa Pio XI. Em 17 de maio de 1925, apenas 28 anos após sua morte, foi canonizada pelo mesmo Papa - outro recorde de velocidade para a época.


Durante a cerimônia de canonização, na Basílica de São Pedro, estavam presentes 60.000 pessoas, incluindo representantes de todos os continentes. Foi uma demonstração impressionante da universalidade de seu apelo espiritual.


Padroeira das Missões: O Paradoxo Glorioso


Em 1927, numa decisão que surpreendeu muitos, o Papa Pio XI proclamou Santa Teresinha padroeira das missões, junto com São Francisco Xavier. O paradoxo era evidente: ela nunca havia saído do convento, nunca pregou publicamente, nunca converteu ninguém diretamente. Como poderia ser padroeira dos missionários?


A resposta estava em sua compreensão revolucionária da vida missionária. Teresinha havia demonstrado que a oração, o sacrifício e o amor vivido no silêncio da clausura podiam ser tão eficazes quanto a pregação direta. Sua correspondência com os missionários e sua oferenda constante de orações e sofrimentos pela conversão dos pecadores a qualificavam como "missionária por procuração".


Além disso, "História de uma Alma" estava se revelando um instrumento missionário extraordinário. O livro convertia pessoas, inspirava vocações religiosas, e levava a mensagem cristã a lugares onde missionários tradicionais não conseguiam chegar.


Doutora da Igreja: Reconhecimento Intelectual


O reconhecimento máximo veio em 1997, quando o Papa João Paulo II proclamou Santa Teresinha Doutora da Igreja - apenas a terceira mulher a receber este título (depois de Santa Teresa de Ávila e Santa Catarina de Siena).


Este título é reservado a santos que fizeram contribuições excepcionais à teologia e espiritualidade cristã. No caso de Teresinha, o reconhecimento focava especificamente em sua "Pequena Via" como contribuição teológica original e sua influência universal na vida espiritual da Igreja.


A declaração papal destacava que, apesar de sua juventude e aparente simplicidade, Teresinha havia feito descobertas espirituais profundas que enriqueceram permanentemente o tesouro da sabedoria cristã.


A Espiritualidade Teresiana Hoje: Relevância Contemporânea


Mais de um século após sua morte, a espiritualidade de Santa Teresinha continua extremamente relevante, talvez mais do que nunca. Num mundo caracterizado pela complexidade, estresse, e busca constante por realizações extraordinárias, sua mensagem de simplicidade e confiança oferece um antídoto poderoso:


  • Para a Vida Profissional: Numa cultura obcecada pelo sucesso e pela produtividade, Teresinha nos lembra que podemos encontrar propósito e santidade em qualquer trabalho, desde que seja feito com amor. Não é necessário ter a carreira mais glamorosa; é necessário fazer o que fazemos com excelência e carinho;

  • Para os Relacionamentos: Sua prática de tratar com especial gentileza as pessoas mais difíceis oferece uma estratégia concreta para melhorar relacionamentos familiares, profissionais e sociais;

  • Para a Saúde Mental: Sua aceitação serena das próprias limitações e fraquezas oferece uma alternativa saudável ao perfeccionismo tóxico que caracteriza muitas vidas contemporâneas;

  • Para a Espiritualidade: Numa época em que muitos se sentem intimidados por práticas espirituais complexas, sua "Pequena Via" oferece um caminho acessível para qualquer pessoa, independentemente de background religioso;

  • Para os Pais: Sua confiança infantil em Deus oferece insights preciosos sobre como cultivar relacionamentos saudáveis com os filhos e como transmitir valores sem autoritarismo.


Lições Práticas da "Pequena Via" para Hoje


Como podemos aplicar concretamente os ensinamentos de Santa Teresinha em nossa vida cotidiana? Aqui estão algumas estratégias práticas:


  • Comece Pequeno: Em vez de tentar mudanças drásticas, foque em pequenos gestos de bondade diários. Um sorriso genuíno, uma palavra de encorajamento, um momento de paciência extra;

  • Aceite Suas Limitações: Em vez de se desesperar com suas falhas, aceite-as como parte da condição humana. Use-as como oportunidades para praticar a humildade e buscar ajuda;

  • Confie no Processo: Como Teresinha confiava totalmente em Deus, confie no processo da vida, mesmo quando não entende o que está acontecendo;

  • Transforme o Ordinário: Procure encontrar significado e propósito nas tarefas mais mundanas. Lavar louça pode ser uma oportunidade de servir à família; trabalhar pode ser uma forma de contribuir para o bem comum;

  • Pratique a Gratidão: Teresinha via tudo como presente de Deus. Cultive o hábito de reconhecer e agradecer pelas pequenas bênçãos cotidianas;

  • Seja Gentil Consigo Mesmo: Teresinha nunca se punia por suas falhas. Trate-se com a mesma compaixão que trataria um bom amigo.


O Legado Eterno da "Pequena Flor"


Santa Teresinha do Menino Jesus provou que não é necessário realizar feitos extraordinários para ter uma vida extraordinária. Sua "Pequena Via" continua inspirando milhões de pessoas em todo o mundo, lembrando-nos que a santidade não é privilégio de alguns escolhidos, mas vocação universal acessível a todos.


Numa época marcada pela pressa, pela competição desenfreada, e pela busca obsessiva por reconhecimento, ela nos oferece uma alternativa radicalmente diferente: a beleza da simplicidade, o poder da confiança, e a eficácia transformadora do amor vivido no cotidiano.


Sua promessa de "passar o Céu fazendo o bem na Terra" continua se cumprindo através dos milhões de pessoas que encontraram em sua vida e ensinamentos inspiração para viver de forma mais autêntica, generosa e confiante.


Como ela mesma escreveu: "O que importa não é fazer grandes coisas, mas fazer pequenas coisas com muito amor." Esta simples frase continua revolucionando corações e transformando vidas mais de um século depois.


E você? Que pequenas coisas pode fazer hoje com muito amor?


Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!




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