Missão Celeste: Quando os Anjos nos Inspiram a Ser Francisco
- Rodrigo M. de Abreu

- 4 de out.
- 4 min de leitura

Outubro chega trazendo consigo o perfume das flores que desabrocham na primavera e um chamado especial que ecoa do Céu à Terra: é o Mês das Missões! E que tempo mais propício para olharmos para cima e contemplarmos aqueles que, desde toda a eternidade, vivem em perpétua missão junto ao Trono de Deus: os santos anjos.
A Dança Celeste da Missão
A Igreja nos ensina que os anjos estão organizados em nove coros celestiais, divididos em três hierarquias. No topo, os Serafins ardem em amor por Deus, seguidos pelos Querubins que contemplam Sua sabedoria infinita, e pelos Tronos que manifestam Sua justiça. Na hierarquia intermediária, as Dominações governam os anjos inferiores, as Virtudes realizam milagres, e as Potestades combatem as forças do mal. Por fim, os Principados protegem nações, os Arcanjos levam mensagens divinas, e os Anjos da Guarda cuidam de cada um de nós com ternura pessoal.
Cada coro, em sua missão específica, nos ensina algo fundamental: a missão não é um fardo, mas uma alegria! Os anjos não evangelizam por obrigação, mas por êxtase. Eles não anunciam o Reino a contragosto, mas transbordando de júbilo. Sua missão é expressão de quem eles são, não algo separado de sua identidade.
Teresinha: A Pequena Flor que Conquistou as Missões
E não é por acaso que outubro se tornou o Mês das Missões! Foi graças a uma jovem carmelita que nunca saiu de seu claustro, mas cujo coração abraçou o mundo inteiro: Santa Teresinha do Menino Jesus. Proclamada Padroeira das Missões pelo Papa Pio XI em 1927, dois anos após sua canonização, ela provou que não é preciso atravessar oceanos para ser missionário – basta ter um coração incendiado de amor.
Teresinha viveu sua "pequena via" com a simplicidade de Francisco e o ardor dos Serafins. Presa pela doença em seu convento de Lisieux, ela dizia: "Quero passar meu céu fazendo o bem sobre a terra". E passou! Suas orações atravessaram continentes, suas cartas animaram missionários nos campos mais distantes, e seu amor alcançou almas que seus pés jamais poderiam visitar. Como os anjos, ela compreendeu que a verdadeira missão não se mede em quilômetros percorridos, mas em amor derramado. Como Francisco, ela descobriu que a pequenez e a simplicidade são as asas mais poderosas para voar até o coração de Deus e, de lá, alcançar todos os corações.
Francisco: O Anjo do Sexto Selo
São Francisco de Assis foi descrito pelo próprio Senhor a Santa Clara como "o anjo do sexto selo" do Apocalipse. Não é à toa! Francisco viveu com tal leveza, alegria e despojamento que parecia mais criatura celeste que terrena. Ele captou o segredo dos anjos: fazer da própria vida uma missão contínua de louvor e anúncio.
Como os Serafins que ardem em amor, Francisco se consumia de amor por Cristo Crucificado – tanto que recebeu os sagrados estigmas. Como os Querubins que contemplam, ele se extasiava diante de cada criatura, lendo nelas as perfeições do Criador. Como os Anjos da Guarda que servem com ternura, ele cuidava dos leprosos, dos pobres, e até dos animais e plantas com delicadeza fraterna, chamado a todos de irmão.
A Missão Franciscana: Leve Como o Voo dos Anjos
Francisco nos ensinou que o missionário autêntico não precisa de muito bagagem. "Levai apenas um bordão para o caminho", disse Jesus aos apóstolos. Francisco levou isso ao extremo: despojou-se até das vestes! Mas não por masoquismo – por alegria! Ele descobriu que quanto menos carregamos de nós mesmos, mais leves ficamos para voar até os corações.
Os anjos não têm corpo material, por isso "voam". Francisco, tendo corpo, tornou-se tão leve em espírito que quase voava também! Sua pobreza não era tristeza, mas dança. Sua renúncia não era amargura, mas cântico. Ele sabia que a missão verdadeira é feita de asas, não de correntes.
Nossa Missão: Entre o Céu e a Terra
Neste Mês das Missões, somos convidados a olhar para cima (os anjos) e para o lado (Teresinha e Francisco) para aprendermos como evangelizar com alegria contagiante. Não precisamos ser teólogos eruditos como os Querubins, nem místicos ardentes como os Serafins. Precisamos apenas, como nosso Anjo da Guarda e como Francisco, estar presentes onde Deus nos coloca, com amor simples e genuíno.
A missão não é para os perfeitos, mas para os apaixonados. Não é para os que têm todas as respostas, mas para os que têm o coração aberto. Os anjos não perguntaram a Deus se estavam "prontos" para servir – simplesmente disseram "eis-me aqui". Francisco não esperou ter seminário completo para anunciar Cristo – saiu pelas estradas de Assis cantando e amando.
O Cântico das Criaturas Continua
Assim como Francisco compôs o Cântico das Criaturas, chamando o sol de "irmão" e a lua de "irmã", nós também somos chamados a fazer de nossa vida um cântico missionário. Cada gesto de bondade é uma estrofe. Cada palavra de esperança é um refrão. Cada testemunho de fé é uma melodia que se une ao coro dos anjos que proclamam: "Glória a Deus nas alturas!"
Que neste outubro missionário, possamos ter a leveza dos anjos, a alegria de Francisco, a pequenez de Teresinha e o coração ardente dos Serafins. Que nossa missão não seja pesada como pedra, mas leve como pena. Que não anunciemos o Evangelho com cara fechada, mas com o sorriso de quem descobriu o Tesouro escondido no campo.
Porque a verdadeira missão não é converter o mundo – é deixar-se converter pelo Amor, e então, naturalmente, transbordá-lo por onde passamos.
Que Santa Teresinha, São Francisco e todos os coros angelicais intercedam por nós, missionários da alegria, mensageiros da Boa Nova, cantores do Reino que já está entre nós!
"Anunciai o Evangelho. Se necessário, usai palavras." - São Francisco de Assis
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